I - A Jornada Começa

O dia nasce novamente, e com ele, Lia, umas das últimas elfas bárbaras do clã Deathbringer, desperta em um lugar estranho. A última coisa que lembra é de ter desmaiado de exaustão em uma rua enlameada, debaixo de uma forte chuva. Ela olha a sua volta e reconhece estar em um quarto pequeno com uma pequena bancada de madeira envelhecida pelo tempo e um guarda-roupas. Ela chacoalha a cabeça tentando espantar o sono, quando percebe que não está usando suas vestes de guerra, e sim roupas mais femininas. Sem entender muito bem o que etá acontecendo e onde está, ela se levanta para sair do quarto, quando ouve alguém bater à porta. Ela vai até a porta e a abre vagarosamente, mas não vê ninguém. Ela sente algo puxando sua camisa dizendo "Eu tô aqui em baixo, moça". Ela olha para baixo e vê uma criança, uma menina de cabelos louros e olhos castanhos usando uma roupinha clara, parecida com uma camisola amarrada com um pequeno cinto de couro em sua cinturinha fina.

- Se continuar dormindo, não vai comer, moçinha - diz a menina, com um tom de mãe repreensiva.
- Onde estou? - Pergunta Lia - Quem é você, menina?
- O meu nome é Eliza. Qual é o seu moça?
- Lia. Onde estou?
- Cê tá na minha casa, ué..! Agora vai tomar um banho que cê tá fedida, moça..!

Lia olha indignada para a criança que vai empurrando ela para um outro cômodo com uma bacia cheia da água quente.

- Agora vai tomar banho, mocinha! - Diz ela com tom autoritário.

Lia acha a situação de certa forma engraçada e vai tomar o seu banho, antes que "mamãe" fique brava.
Ela termina seu banho, coloca suas roupas e sai do banheiro. Logo que sai, aparece a menina novamente:

- Vamos! Vamos! Papai está terminando de fazer o café. Ele vai ficar zangado se você ficar brincando e não for comer. - Diz Eliza, puxando Lia logo em seguida.

Lia não se impõe e vai junto com a menina.
Logo, Lia se encontra em uma pequena e simples sala de jantar com uma pequena mesa circular de madeira em seu centro com uma cesta de frutas, quatro cadeiras à sua volta e três pratos de metal já bem gastos pelo tempo, mas parecem tão bonitos quanto novos.

- Senta aí! - Diz Eliza - Papai tá vindo com a comida.
Lia se senta, ainda confusa com a situação e querendo respostas, mas a sua fome era tão grande que não estava pensando muito nessas questões.

Alguns minutos depois, entra um homem alto, cabelos curtos castanho escuro, olhos castanhos, roupas simples e com uma grande bandeija em suas mãos, cheia de comiga. Muitos pães, ovos e manteiga ele carregava desajeitadamente até a mesa.

- Oba! Oba! Café! - exclama Eliza - Você tava demorando, papai!
- Eliza! Fique quietinha e me ajude a servir nossa convidada - Diz o homem.
Lia se levanta - Bom dia, senhor. Obrigado por me ajudar.
- Ah..! Que isso moça. Fique tranqüila e coma. Só quis ajudar. Qual o seu nome?
- Lia. Meu nome é Lia.
- Prazer Lia, meu nome é Marrick. Está se sentindo melhor? Você parecia bem mal quando te encontrei ontem.
- Bem melhor, graças a você. Pode me dizer onde estão as minhas coisas?
- Ah..! Claro! Eliza, onde estão as coisas da moça?
Eliza se vira com a boca cheia de pão - Eu tava lavando aquela rôpa fidida que ela tava usando. Tá secandu lá nu varal. O resto tá ali nu cantinhu.
- Ai.. ai..! Quantas vezes já te disse para não falar de boca cheia, moçinha?
- Dicupa, papai!
- Ah... - exclama ele, mas cedendo de certa forma - Deixa pra lá. Sra Lia....
- Sim..?
- Você pode ficar por aqui mais um tempo se desejar. Pode ficar naquele quarto em que estava até decidir partir, tudo bem? Não se incomode, pode se sentir em casa.
- Obrigado. Posso pelo menos fazer algo por você, só como forma de agradecimento?
- Humm... - ele levanta a cabeça, refletindo sobre algo - talvez você possa me ajudar em minha loja. Eu gostaria muito de uma mãozinha extra para limpar aquele lugar.
- Ok. Ajudarei o senhor nisso.

Eles terminam o café da manhã, se ajeitam e vão para a loja. Marrick recomenda para que Lia não ande com armas nessa cidade, ou acabaria chamando atenção indevida dos guardas ou outros arruaceiros. Lia então segue Marrick até sua loja, chamada Bugingangas. No caminho ele conta para Lia que ele ganha a vida como inventor, tentando tornar a vida das pessoas mais práticas.
Chegando na loja, Lia vislumbra as coisas mais estranhas que já vira, mas também as mais magníficas, que vão de marcadores de tempo à base de água a um grande arpão utilizado por fortes e castelos em sua defesa, mas sendo esse meramente decorativo.

Lia começa a ajudar Merrick, afim de acalmar seus pensamentos e decidir o que fará em seguida, até que dois dias depois, o destino finalmente a encontra...